O ressentimento é tão mais difícil de gerir quando o alvo somos nós e não o outro. Porque, convenhamos, a falta de tomada de decisão do outro não justifica nem desculpa a ausência de limites impostos por nós. A vida não raras vezes conduz-nos a lugares errados, é verdade. Todavia permanecer neles foi e é uma opção nossa. Sujeitarmo-nos a um trato menor foi e é uma opção nossa. Não ter seguido em frente ao menor sinal de falta de respeito ou de incongruência foi e é uma opção nossa. Viver por um tempo, absolutamente intolerável, uma cegueira auto-imposta, alheia aos limites da razoabilidade, foi e é uma opção nossa. Por isso é que o ressentimento é tão mais difícil de gerir quando o alvo somos nós e não o outro.