É incrível como um simples telefonema teu consegue destabilizar-me por completo. Uma correlação quase perfeita entre o som da tua voz e a falência do meu sistema nervoso. O coração que dispara, as mãos que tremem descontroladamente, o cérebro que me falha. Não sei o que me passou pela cabeça quando vi o teu nome a piscar no visor. Até sei. Mas não tinha nada a ver com sapatos perdidos no tempo. Disso tenho a certeza. Terminada a chamada ali fiquei eu com o telefone agarrado às mãos e aquele sentimento de quem foi exposto ao ridículo. Sapatos, valha-me Deus. E eu a pensar que finalmente irias convidar-me para tomar um café.