Quando a loucura, o vício e a descrença ficam gravados no código genético de uma família há sempre um dia em que questionamos os ciclos da vida. Questionamos se não trazemos em nós toda a violência, toda a bebedeira, toda a agressão, toda a demência, toda a inquietação, toda a angústia, todo o suicídio, toda a perfídia dos que já o foram e já cá não estão. Porque nunca se sabe quem se é até se descobrir de onde se veio. Porque de onde se veio marca sempre para onde se vai. E o como, o como se vai também. Porque há dias em que quase não nos reconhecemos, quase parecemos estranhos, quase não sabemos como aqui chegámos. E depois lembramo-nos de onde viemos, do código genético de uma família inteira e sabemos que talvez tenhamos sido condenados à nascença. Que o passado não se apaga assim. Que o nascido do pecado à terra volta. Sempre. Porque do pó vieste e ao pó hás-de tornar. Sempre.