01/08/2014
22/05/2014
20/05/2014
Soubesse eu o que ai vem e como vem. Os limites e as condicoes. Os tempos e as circunstancias. Soubesse eu o que ai vem e o meu nome não seria angustia. As vezes pergunto-me a que deve saber uma vida desafogada. Liberta de ansiedades, sem essa coisa de andar sempre preocupada com o que vem e como vem.
19/05/2014
24/02/2014
Há dias que transportamos pela vida fora. 24 de Fevereiro de 2008 é um deles. Já tinha decidido que não voltarias a privar-me do que quer que fosse. O Pavilhão Atlântico estava praticamente cheio. Monsieur Charles Aznavour revelar-se-ia absolument extraordinaire. Ao som de La Bohème, revi dez anos de vida. Aznavour [ou a memória de ti] mexe-me com os batimentos cardíacos. Nada a fazer.
17/02/2014
16/02/2014
res·sen·ti·men·to
No matter how much you revisit the past, there's nothing new to see. So keep in mind that resentment is like holding your breath. You'll soon start to suffocate.
14/02/2014
13/02/2014
Não é que este andar só pela vida me faça confusão. Nunca fez. Não sou mulher de muitos medos mas há dias em que penso como seria ter quem me pegasse na mão. Sem constrangimentos nem embaraços. Assim um espécie de afecto, coisa simples, no meio de uma praça qualquer. Ou um abraço. De um abraço eu ia gostar. Talvez quem sabe um beijo na testa e um sorriso. Sem constrangimentos nem embaraços. Às vezes penso como seria ter quem me pegasse na mão. Assim um espécie de afecto, coisa simples.
04/01/2014
02/01/2014
01/01/2014
05/10/2013
Às vezes gostava de não ter um raciocínio tão rápido e de não ser tão perspicaz. Palavra de honra. Com o tempo aprendi a desenvolver um mecanismo que me permite fazer de conta que não percebi. Que meia dúzia de palavras conjugadas me passaram ao lado. Aprendi que talvez não valha a pena estar sempre a confrontar os outros com o óbvio. Com o enredo de enganos que constroem e julgam envolver os demais. A mentira requer inteligência. A omissão de factos também. Às vezes gostava de não ter um raciocínio tão rápido e de não ser tão perspicaz. Acho que seria mais feliz.
17/09/2013
13/09/2013
Quando a vida nos maltrata é tão fácil chegarmo-nos aos outros. Tão fácil perceber quem saltou do barco e quem se manteve ali firme. Tão óbvio saber quem é quem. Complicado, mesmo, é quando a vida nos corre bem, do tipo bem para caralho. Uma pessoa até aumenta de tamanho. Enche a boca toda só para dizer "eu". Eu isto, eu aquilo, eu [quero mais é que os outros se fodam]. Tudo bem. As pessoas podem fazer a gestão dos seus timings da forma que melhor entenderem. Podem ter lapsos, momentos de amnésia, podem assobiar para o lado ou olhar de alto. As pessoas podem tudo. Tudo. Até podem arrepiar caminho e deixarem de ser tão previsíveis. Chateia-me, pá, esta coisa de estar sempre um passo à frente. Passo por maluca sem necessidade nenhuma.
04/09/2013
11/07/2013
10/07/2013
09/07/2013
18/06/2013
Gosto tanto quando te lembras de mim. Assim do nada, sem motivo algum ou razão aparente. Só porque sim. Porque te apetecia ver-me só mais um bocadinho, mais uma vez. Gosto tanto quando te lembras de mim, me aconchegas no teu peito e dizes que sou importante. E te importas comigo para logo de seguida me beijares a testa repetidamente. Esta cumplicidade que temos, o teu corpo nas palmas das minhas mãos, a ternura quando me afastas o cabelo da cara. Os pequenos gestos. O almoço na pizzaria do bairro. Podias não ter atravessado meia cidade. Fizeste questão de passar por aqui. Gosto tanto quando te lembras de mim.
14/06/2013
Eu poderia ser um pouco mais normal. Um pouco menos ansiosa. Ter uma mente um pouco menos hiperactiva. Aprender a esperar um pouco mais. Contentar-me aos poucos com o que a vida me dá. Mas não. Essa coisa do pouco mexe-me com os nervos. O vai-se andando, o menos mal. Que neura. Que falta de pachorra. Eu sou pelos desafios, pelo fascínio do improvável, pelo impossível, qual roleta russa, em jeito de vai ou racha, é agora ou nunca. E isto tem dias em que cansa. Outros em que dá uma adrenalina tremenda. Eu poderia ser um pouco mais normal.
09/06/2013
I'm in the dark here.
Não sou pessoa que inveje os demais. As lutas que travo são tão minhas, tão comigo, tão desgastantes, que objectivamente raras são as vezes que olho para o lado. Quanto muito gostaria, muito de vez em quando, de ter tido as oportunidades que outros tiveram. E é só isso que me mói. Estou farta de parir a vida a ferros. Farta.
23/05/2013
É recorrente dizer-se que Deus não demora, Ele capricha. Tudo bem. Se não é para ser que não seja. Se há melhores oportunidades por aí, venham elas. Se a ideia é testar-me os níveis de resiliência, estamos cá para isso. Agora, convenhamos, é inevitável que de vez em quando me venha à ideia o que poderia ter sido e não foi, certo. Madagáscar, República Democrática do Congo e Kosovo. Out. Next.
21/05/2013
20/05/2013
16/05/2013
O paradoxo do fim.
Uma relação termina quando, a um dado momento, o outro se esqueceu de nós e as nossas memórias se tornam insuportáveis. O esquecimento de um e as memórias do outro, uma vez conjugados, mais do que uma relação de causa efeito, abrem sempre caminho para um lugar comum: o paradoxo de quem já não estando presente ainda assim não se foi embora bem como o silêncio das discussões que se travam quando já ninguém nos ouve.
14/05/2013
É incrível como um simples telefonema teu consegue destabilizar-me por completo. Uma correlação quase perfeita entre o som da tua voz e a falência do meu sistema nervoso. O coração que dispara, as mãos que tremem descontroladamente, o cérebro que me falha. Não sei o que me passou pela cabeça quando vi o teu nome a piscar no visor. Até sei. Mas não tinha nada a ver com sapatos perdidos no tempo. Disso tenho a certeza. Terminada a chamada ali fiquei eu com o telefone agarrado às mãos e aquele sentimento de quem foi exposto ao ridículo. Sapatos, valha-me Deus. E eu a pensar que finalmente irias convidar-me para tomar um café.
13/05/2013
My God, help me to survive this deadly love.
O ressentimento é tão mais difícil de gerir quando o alvo somos nós e não o outro. Porque, convenhamos, a falta de tomada de decisão do outro não justifica nem desculpa a ausência de limites impostos por nós. A vida não raras vezes conduz-nos a lugares errados, é verdade. Todavia permanecer neles foi e é uma opção nossa. Sujeitarmo-nos a um trato menor foi e é uma opção nossa. Não ter seguido em frente ao menor sinal de falta de respeito ou de incongruência foi e é uma opção nossa. Viver por um tempo, absolutamente intolerável, uma cegueira auto-imposta, alheia aos limites da razoabilidade, foi e é uma opção nossa. Por isso é que o ressentimento é tão mais difícil de gerir quando o alvo somos nós e não o outro.
11/05/2013
Ao que julgo saber a vida corre-te bem. Duas das tuas maiores preocupações foram esbatidas. Tudo se reordenou e sabe-te bem o conforto da vida que tens e levas. Durante muito tempo comprei a ideia da "aparência". Que vivias uma vida que não te agradaria mas que tal se assumiria quase como que uma inevitabilidade. Um disparate pegado. Não há vidas de aparência. Cada um tem o que escolhe, vive em conformidade com isso e, quando afirma o contrário, não passa de uma vergonhosa mentira. Uma fraude, vivida dia a dia. É o que é.
06/05/2013
Broken embraces.
Fazes-me falta, sabes. Mais do que gostaria de admitir, confesso. A cumplicidade dos cheiro, dos olhares e os sorrisos. O teu lado doce foi sempre tão mais terno, sempre. Acontece que infelizmente tu sempre foste mais do que isso. E foi nessa tua complexidade, intrincada, desconfiada, desgastante, que tudo se perdeu. Uma pena. Porque verdadeiramente o teu lado doce foi sempre tão mais terno. E o melhor de ti. Convertido no melhor de mim.
05/05/2013
A minha mãe, a minha verdadeira mãe, morreu tinha eu vinte seis anos. Lamento dizer-te mas tu não és nem nunca serás um décimo da mulher que ela foi. Com muita pena minha, confesso. Mas as coisas são como são. Nunca percebeste que a consanguinidade não é condição de afecto. Nem aqui nem em lado nenhum do mundo. E que não raras vezes as pessoas recebem no fim da vida parte do que deram ou não deram aos outros. No fim de tudo fica uma espécie de respeito que se reflecte numa espécie de dever. Apenas isso. Sem gratidão, sem boas memórias, sem afectos dos bons, com a certeza de que há incompatibilidades irremediáveis. Tu conseguiste gravar-me na pele o pior de mim. Este lado obscuro, instável, pérfido, desequilibrado, que tenho de gerir todos os dias. É suposto agradecer-te o quê, diz-me.
04/05/2013
Faz tempo que me sinto agoniada. Não é nervoso miudinho, não é ansiedade, é uma agonia constante. Da vida aqui, dos outros, do reflexo no espelho. Ainda pensei numa qualquer crise de vesícula, mas não. Tudo me enfada, nada me apetece, o inferno em mim. Sempre o inferno em mim. Um inferno feito de cansaço, de inquietação, de uma profunda inconstância, a pressa de chegar a casa, seja lá onde isso for. Este desapego feito de desprendimento. O sentimento de não pertença, nem aqui nem em lado algum. Ainda pensei numa qualquer crise de vesícula, mas não. É uma agonia. Uma coisa que não me larga.
21/04/2013
O bairro está em silêncio. Só o rádio da vizinha do andar de cima toca intervalado com os latidos do cão que vive dois prédios em frente. Aqui, desta cave quase sem janelas onde vivo, conheço quem me rodeia pelo sons. Faz tempo que não oiço os gritos do marido da vizinha do andar de cima. Quase uma semana estou em crer. Desde então, tem por companhia o rádio que toca insistentemente. De vez em quando oiço-a chorar. Por certo me ouvirá também.
20/04/2013
26/03/2013
Time to move forward.
I. Os constrangimentos dos outros são os constrangimentos dos outros. Não são os meus. Consequentemente, eu não tenho que [nem aceito] ser alvo dos mesmos nem tão pouco sofrer com os danos colaterais de problemas cuja resolução não ata nem desata.
I. Os constrangimentos dos outros são os constrangimentos dos outros. Não são os meus. Consequentemente, eu não tenho que [nem aceito] ser alvo dos mesmos nem tão pouco sofrer com os danos colaterais de problemas cuja resolução não ata nem desata.
II. Não raras vezes as pessoas aceitam e sujeitam-se, em nome de algo que [erroneamente] consideram maior, a um trato menor. Pois bem. Dizer apenas que já tive a minha dose. Been there, done that. Jurei para nunca mais.
III. Eu não sou, nunca fui, uma mulher de meio termos. Meias presenças, meios afectos, meio isto, meio aquilo. Não gosto de metades em nada na vida. E também não gosto de me repetir. As conversas são importantes, sim. Ajudam a clarificar e a esclarecer pontos de vista, sentimentos, dúvidas e caminhos. Agora, quando repetidas até à exaustão mais não são do que o sintoma de duas coisas: a indiferença do receptor e a persistência cega do emissor.
24/03/2013
The night can be a dreadful time for lonely people.
Houve um tempo em que me olhei ao espelho e, confesso, não me reconheci. Vinha cansada de tanto destrate e estava disforme. Olhei de novo e não me reconheci. Nesse dia, assegurei-me de que nunca mais, em toda a minha vida, me contentaria com as sobras fosse lá do que fosse. Por isso, bem vês, o problema não és tu. Sou eu.
De repente deu-me para ser esquisita e torcer o nariz a restos. Não quero, não gosto, já comi que chegue e cansei-me de esperar pacientemente junto à porta dos fundos que me convidasses para entrar e sentar. Bem vês. O problema não és tu, sou eu. Sou eu quem hoje já não tolera faltas de respeito, esperas sem fim à vista e não aceita menos do que o melhor que a vida tem para lhe dar. Bem vês, o problema não és tu, sou eu.
O tempo tornou-me exigente. E ensinou-me a partir. Assim, sem mais. Com a convicção de que aquilo que sentimos não justifica [não pode justificar] a forma como somos tratados. Hoje sei que nunca mais ninguém voltará a arrancar-me a pele ou a fazer-me mal, só porque sim. Por isso, bem vês, o problema não és tu, sou eu. Sou eu quem, mesmo correndo o risco de se perder por aí, já não sabe viver de afectos pela metade.
23/03/2013
22/03/2013
Room 228. Abba Berlin Hotel. Lietzenburger Str. 89.
Há um tempo na nossa vida em que, de uma forma mais ou menos esporádica, damos azo àquela velha tendência de querer que os outros e as circunstâncias mudem, pelo simples facto de considerarmos que a razão está do nosso lado. E, depois, tempos há em que concluímos que afinal ter a dita razão, por si só, acrescenta muito pouco aos nossos dias. E é nessa altura que desistimos de nos queixar do vento, de esperar que este mude e decidimos tão somente ajustar as velas.
Há um tempo na nossa vida em que, de uma forma mais ou menos esporádica, damos azo àquela velha tendência de querer que os outros e as circunstâncias mudem, pelo simples facto de considerarmos que a razão está do nosso lado. E, depois, tempos há em que concluímos que afinal ter a dita razão, por si só, acrescenta muito pouco aos nossos dias. E é nessa altura que desistimos de nos queixar do vento, de esperar que este mude e decidimos tão somente ajustar as velas.
18/03/2013
17/03/2013
Grata por lá ter estado. Muito.
"17 de Março de 2012. São 6 horas da manhã. Ainda há pouco cheguei a casa e já estou de saída. Por aqui misturam-se os dias com as noites, o cansaço é tremendo, o ritmo alucinante mas estou a adorar cada segundo. Hoje milhares de timorenses são chamados às urnas e o mais incrível no meio disto é que eu estou aqui para ver. Experiência incrível, minha gente, incrível. Vamos lá Timor. Tem tudo para dar certo."
12/03/2013
Dizes, muito de vez em quando e de uma forma quase convicta, que gostas de mim quando na realidade não fazes ideia do que isso seja. Senão repara, em rigor nós só podemos gostar de quem verdadeiramente conhecemos e, francamente, tu nunca te deste a esse trabalho. Até podia dar-se o caso de eu ser uma daquelas mulheres cheia de caprichos, exigências, expectativas, extraordinariamente complexa, seja lá o que isso for e sabe Deus que mais. Mas não. Conhecer-me requer apenas ouvir-me. Simples. Até porque via de regra digo o que penso, o que quero, do que gosto, essas coisas. Por isso bem vês, estranhamente se ama quem não se ouve pela simples razão de que não se conhece. Tu não sabes o que penso nem o que quero nem do que gosto. Lamento.
10/03/2013
Dizes, muito de vez em quando e de uma forma quase convicta, que gostas de mim quando na realidade não fazes ideia do que isso seja. Senão repara, em rigor nós só podemos gostar de quem verdadeiramente conhecemos e, francamente, tu nunca te deste a esse trabalho. Até podia dar-se o caso de eu ser uma daquelas mulheres cheia de caprichos, exigências, expectativas, extraordinariamente complexa, seja lá o que isso for e sabe Deus que mais. Mas não. Conhecer-me requer apenas ouvir-me. Simples. Até porque via de regra digo o que penso, o que quero, do que gosto, essas coisas. Por isso bem vês, estranhamente se ama quem não se ouve pela simples razão de que não se conhece. Tu não sabes o que penso nem o que quero nem do que gosto. Lamento.
08/03/2013
25/02/2013
Quando as pessoas se forjam num ambiente de bestialidade acentuada, quase visceral, não raras vezes são tolhidas por uma cegueira profunda que as projecta para as reacções mais insensatas e irracionais. De onde vens, condiciona quem és, é um facto. Mas quem és, não te dá o direito de infligires nos outros os maus tratos de que foste alvo. Nunca deu bom resultado, sabes disso. Cinco minutos de fúria não te permitem [não deveriam permitir] deitar por terra o melhor que a vida já te deu. Como não é amor. Como é que te atreves sequer a pensar semelhante coisa quando aquele homem há quase vinte anos que é o teu norte e o teu sul, já te resgatou dos lugares mais sombrios da vida e num simples afagar de cabelo teu te ressuscita. Toma-me juízo.
23/02/2013
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Hier Encore. |
Nem sei porque me agasto nestes monólogos. Por esperança não é, de todo. A descrença instalou-se de tal maneira e o tempo que correu, bom, o tempo que correu [e corre] ficou-me tão gravado na pele, quais rasgões vincados de um lado ao outro das costas, que eu não mais voltarei a ser a mesma de desfigurada que fiquei.
Por cumplicidade, também não. Tempos houve em que sim, em que pensei convictamente que, de vez em quando, sem exagerar, sem ser aborrecida ou exigente, mas assim de vez em quando, tu podias cuidar um pouco de mim. Que estarias ali quando e para o que fosse preciso [e Deus sabe como houve alturas em que precisei tanto]. Uma tontearia. Em bom rigor, numa inversão anómala de papéis, fui eu quem tomou conta de nós. Melhor, tomei conta de ti. Quase até à exaustão, quase sempre sem questionar, quase resignada, quase numa tão perfeita abnegação que quase me esqueci de mim. Até ao dia em que me olhei ao espelho e não me reconheci. Trazia um semblante carregado, carregado e disforme de tanto distrate.
Por isso não sei porque me agasto nestes monólogos. Por amor. Será por amor. Acho que faz tempo que confundo seja lá o que isso for com outra coisa qualquer. E é isso que me assusta. Assusta-me pensar que poderei ter perdido irremediavelmente quase vinte anos de vida não por esperança, não por cumplicidade, não por um amor que, ainda que exista, já foi tão corroído pela decepção que quase lhe perdi o rasto, mas por teimosia. Minha. Teimosia minha.
E agora. Como é que tudo isto se gere. Como é que se aceita que se viveu vinte anos de uma vida de fachada e obstinação, bem junto ali à porta dos fundos, [sem subterfúgios, sem dedos apontados] porque nisso consentimos. Não sei porque me agasto nestes monólogos.
14/02/2013
Tem dias em que a vida é um jogo de espelhos. Não de reciprocidades nem de expectativas mas de espelhos. Daqueles que encontrávamos na Feira Popular. De realidades distorcidas, aumentadas, daqueles em que por breves segundos quase nos faziam sentir no topo do mundo para no minuto seguinte nos confinarem à pequenez e fealdade que vai cá dentro.
10/02/2013
Hoje decidi que não haveria de continuar agarrada a um maço de tabaco por dia. Hoje ainda não fumei um único cigarro. Amanhã não sei. Hoje já perdi a conta aos caramelos que enfiei pelas goelas abaixo. Amanhã não sei. E não, não me move o incremento na saúde ou na carteira. Hoje decidi pôr-me à prova. Apenas isso. Amanhã não sei.
08/02/2013
07/02/2013
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I'm anything but a simple woman. |
O meu denominador comum, sempre recorrente, sempre presente, quase cíclico, passa por perpetuar relacionamentos com gente insegura, gente egoísta, egocêntrica, tão só concentrada nos seus problemas, gente que não raras vezes diz uma coisa e faz o seu contrário. Gente que não sabe melhor e se afirma na propagação do medo. Gente a quem sinto [estupidamente] que tenho sempre algo a provar, gente que procuro resgatar a todo o momento, gente que me faz mal reiterada e levianamente, gente que merece ser deixada sozinha [e estaríamos tão só a falar de reciprocidade]. O meu denominador comum oscila entre o altruísmo extremo e o masoquismo incompreensível. No meio disto tudo, já me perdi mais vezes do que aquelas que consigo assumir. Resumo de uma vida. Assim. Simples.
O meu denominador comum, sempre recorrente, sempre presente, quase cíclico, passa por perpetuar relacionamentos com gente insegura, gente egoísta, egocêntrica, tão só concentrada nos seus problemas, gente que não raras vezes diz uma coisa e faz o seu contrário. Gente que não sabe melhor e se afirma na propagação do medo. Gente a quem sinto [estupidamente] que tenho sempre algo a provar, gente que procuro resgatar a todo o momento, gente que me faz mal reiterada e levianamente, gente que merece ser deixada sozinha [e estaríamos tão só a falar de reciprocidade]. O meu denominador comum oscila entre o altruísmo extremo e o masoquismo incompreensível. No meio disto tudo, já me perdi mais vezes do que aquelas que consigo assumir. Resumo de uma vida. Assim. Simples.
06/02/2013
Digamos que eu até sou uma pessoa com níveis de resiliência aceitáveis. Sim. Tirando as fúrias tempestivas de duração limitada, digamos que, com o tempo, fui desenvolvendo alguma capacidade de aceitação, comedimento, whatever. Agora, testar-me é capaz de não ser lá muito boa ideia, sabes. Chega uma altura na vida em que já não te prestas a determinadas merdas e é precisamente aí que me encontro.
04/02/2013
03/02/2013
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Das cicatrizes do meu chão antigo. |
Na gestão dos equilíbrios que, vá-se lá compreender porquê, ainda sentes que tens de fazer, eu sou, sempre fui, o elo mais descartável. Digas tu o que disseres.
02/02/2013
É preciso ter-se percorrido o caminho da clandestinidade para se entender o quão violento é. Estar num lugar destes por tanto tempo, molda a ideia que tens de ti, como pensas, a forma do que sentes. Aguça-te os mecanismos de defesa, traz-te à memória quem efectivamente és e o lugar que ocupas. Por isso te agradeço. Reconhecidamente, se queres saber.
31/01/2013
Falo e escrevo em português. Não consigo exprimir-me tão bem em nenhuma outra língua. É a minha. Quando o gato me revira a gaveta das cuecas, bramo em espanhol. Coño e Puta Madre, aliviam-me os fígados. Mesmo. Nos últimos dois anos escrevi, falei e trabalhei em inglês [intervalando com tétum]. Sounds good. Há duas semanas voltei às aulas de árabe. Reviver o passado na Mesquita Central. Pânico. Hoje estive meia hora a tentar impressionar quem esteve do outro lado da linha com o pouco francês de que ainda me lembro. Quando desliguei a chamada fiquei com a impressão de que, neste momento, há gente do outro lado do mundo convicta de que eu preciso urgentemente de um terapeuta da fala. Merde.
30/01/2013
Falo e escrevo em português. Não consigo exprimir-me tão bem em nenhuma outra língua. É a minha. Quando o gato me revira a gaveta das cuecas, bramo em espanhol. Coño e Puta Madre, aliviam-me os fígados. Mesmo. Nos últimos dois anos escrevi, falei e trabalhei em inglês [intervalando com tétum]. Sounds good. Há duas semanas voltei às aulas de árabe. Reviver o passado na Mesquita Central. Pânico. Hoje estive meia hora a tentar impressionar quem esteve do outro lado da linha com o pouco francês de que ainda me lembro. Quando desliguei a chamada fiquei com a impressão de que, neste momento, há gente do outro lado do mundo convicta de que eu preciso urgentemente de um terapeuta da fala. Merde.
Falo e escrevo em português. Não consigo exprimir-me tão bem em nenhuma outra língua. É a minha. Quando o gato me revira a gaveta das cuecas, bramo em espanhol. Coño e Puta Madre, aliviam-me os fígados. Mesmo. Nos últimos dois anos escrevi, falei e trabalhei em inglês [intervalando com tétum]. Sounds good. Há duas semanas voltei às aulas de árabe. Reviver o passado na Mesquita Central. Pânico. Hoje estive meia hora a tentar impressionar quem esteve do outro lado da linha com o pouco francês de que ainda me lembro. Quando desliguei a chamada fiquei com a impressão de que, neste momento, há gente em Madagáscar convicta de que eu preciso urgentemente de um terapeuta da fala. Merde.
A vida, pelo menos a minha, é de uma esquizofrenia perfeita. Quase consigo contrariar aquela irritante máxima de que no man is an island, quase consigo que as pessoas acreditem que verdadeiramente me interesso, quase roço a normalidade, seja lá o que isso for. Impressionante. Tem dias em que fico, de facto, impressionada comigo, há que dizê-lo. Abençoado sedoxil.
29/01/2013
A vida, pelo menos a minha, é de uma esquizofrenia perfeita. Quase consigo contrariar aquela irritante máxima de que no man is an island, quase consigo que as pessoas acreditem que verdadeiramente me interesso, quase roço a normalidade, seja lá o que isso for. Impressionante. Tem dias em que fico, de facto, impressionada comigo, há que dizê-lo. Abençoado sedoxil.
28/01/2013
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Feelings can creep up just like that. |
Durante muito tempo soube que todo este secretismo comportava algo de profundamente estranho e errado. Achei que aquele não era seguramente o sítio certo para se estar, que aquele lugar me fazia mal. Com o tempo, habituei-me e fui ficando. Uns dias mais conformada do que outros, é verdade, mas habituei-me e fui ficando. Hoje acho-te piada e surpreendo-me. Mas será que tu nunca te deste ao cuidado de perceber que estavas a criar um monstro.
Durante muito tempo soube que todo este secretismo comportava algo de profundamente estranho e errado. Achei que aquele não era seguramente o sítio certo para se estar, que aquele lugar me fazia mal. Com o tempo, habituei-me e fui ficando. Uns dias mais conformada do que outros, é verdade, mas habituei-me e fui ficando. Hoje acho-te piada e surpreendo-me. Mas será que tu nunca te deste ao cuidado de perceber que estavas a criar um monstro.
Durante muito tempo soube que todo este secretismo comportava algo de profundamente estranho e errado. Achei que aquele não era seguramente o sítio certo para se estar, que aquele lugar me fazia mal. Com o tempo, habituei-me e fui ficando. Uns dias mais conformada do que outros, é verdade, mas habituei-me e fui ficando. Hoje acho-te piada e surpreendo-me. Mas será que tu nunca te deste ao cuidado de perceber que estavas a criar um monstro pejado de inseguranças.
19/01/2013
Não tem mal absolutamente algum as pessoas viverem em estado de ilusão. Criarem um modelo ficcionado de qualquer coisa e viverem em conformidade com isso. Por mim tudo bem. Agora poupem-me, sim, poupem-me. Porque uma coisa é vocês de um momento para o outro acharem que somos todos uma família fantástica, maravilhosa, com muito amor para dar, onde sempre houve harmonia, blá blá blá, outra é pedirem-me para fazer um delete à memória. Nós não somos, nunca fomos, muito provavelmente nunca seremos uma família fantástica, maravilhosa, com imensa harmonia e muito amor para dar. Lamento. Somos gente com um passado em comum, sim, do qual nem sempre guardo as melhores recordações, há que dizê-lo, que por acaso temos uma ligação de consanguinidade. E por isso, e só por isso, é que continuamos a relacionarmo-nos. Ora consanguinidade não é condição de afecto. Nem aqui nem em lado nenhum do mundo. Lamento.
15/01/2013
13/01/2013
À custa de muita bofetada fui aprendendo que na vida há que ter sempre um plano B. Sempre. Nas coisas verdadeiramente importantes e naquelas outras mais banais. Por isso bem vês, dificilmente me apanharás de surpresa. Porque dificilmente eu perco o controle do que quero e a noção de quem sou. Tão simples quanto isso. E porque te conheço, também. Aborrecida. Não. Já não. Apenas a certeza de que não posso contar contigo para o que quer que seja. Só isso.