09/07/2012

Olha, em boa verdade, não fora o facto de te conhecer tão bem e até era capaz de engolir as desculpas esfarrapadas que me dás. Mas dias difíceis, em rigor, temos todos.  E se é para falar de dias menos bons, de enganos, de esperas  sem fim, de humilhações reiteradas, de noites e dias [anos] de solidão, de angustias e de ansiedades, digamos, que tenho dezasseis anos de especialização em cima do lombo. Por isso, não. Não me sinto nem um bocadinho arrependida por estar aqui, não voltarei nunca mais a desperdiçar as oportunidades que a vida me concede e está completamente fora de causa eu renunciar ao que quero e a quem sou seja lá por quem for. Mas, pensando bem, isto nem deveria causar-te estranheza. Afinal foste tu quem me remeteu à condição de caminhar sozinha e fez de mim uma sobrevivente. Irónico, de facto. Se te estou grata, sim. Muito. Por tudo. Tudo de bom e tudo de mau. Só que os meus caminhos,  hoje, quem os trilha sou eu. Bem-vindos são os que me acompanham.