Aos vinte anos não nos ocorre que, do nada e sem aviso prévio, possa surgir um daqueles amores que nos consome devagarinho. Não nos ocorre que há descobertas empolgantes, descobertas que nos transformam a vida. Naquele tempo, aprendi que o amor se faz em consonância com o ritmo do corpo e que o arrebatamento se dá ao ritmo da respiração. Que há abraços que nos consolam a alma e que a falta dos mesmos nos deixa empedernidos. Que há sonhos que se renovam a cada dia e mágoas que carregamos longamente presas ao peito.
Aos vinte anos não nos ocorre que, do nada e sem aviso prévio, possa surgir quem mude o curso dos acontecimentos e nos leve a reequacionar quase todos os planos que houvéramos desenhado um dia. Quem nos faça sentir o mais extraordinário dos seres humanos e a pessoa mais execrável que um dia por aqui passou. Quem desperte o melhor e o pior de nós. Aos vinte anos ninguém deveria encontrar o amor de uma vida. Os amores de uma vida, assim tão cedo, tão vindos do nada e sem aviso prévio, podem ser letais.