A minha avó foi até hoje a pessoa que melhor me conheceu. Mais do que a minha mãe. Mais do que o homem que amei. A minha avó nunca me forçou a beijar os outros, a sorrir para quem quer que fosse ou a conversas de circunstância. De uma coisa a avó não prescindia: da boa educação traduzida na saudação e no saber estar. Quando lhe diziam amiúde “essa sua menina é linda mas um bocadinho tímida [leia-se antipática]” a avó respondia: “esta minha menina é linda, sim, mas não tem paciência para conversa de velhas”. Assunto arrumado. Sempre que minha mãe a indagava: “parece impossível, mas a mãe é a única que consegue fazer dela o que quer”, a resposta era a mesma: “a tua filha, o que tem de doce tem de peste. É tudo uma questão de jeito”. Assunto arrumado. A minha avó foi até hoje a pessoa que melhor me conheceu.